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PRIMEIRA IGREJA BATISTA NO SOLO BRASILEIRO?

 🇧🇷 Santa Bárbara ou Salvador? 1871 ou 1882? 🇧🇷


Sabemos, com absoluta precisão histórica, quando foi organizada a PRIMEIRA IGREJA BATISTA NO SOLO BRASILEIRO? 


Sabemos, sim. Foi em São Paulo (Igreja de Santa Barbara d'Oeste), no dia 10 de setembro de 1871, há (mais de) um século, de igual modo sabemos quando foi organizada a SEGUNDA IGREJA BATISTA NO SOLO BRASILEIRO (a Igreja da Estação, atual cidade de Americana): domingo 19 de janeiro de 1879, bem como a TERCEIRA IGREJA BATISTA (Igreja de Salvador), ORGANIZADA EM SOLO BRASILEIRO 15 de outubro de 1882. As duas primeiras em São Paulo, e a terceira na Bahia.  


Acontece que aquela primeira igreja batista (a de São Paulo) não sofreu dissolução de continuidade. Igreja gera igreja. A de São Paulo, aliás, as duas de São Paulo, geraram a Primeira da Bahia, em 1882. Dos cinco membros que construíram a Primeira Igreja Batista da Bahia, W. B. Bagby, Anne Luther Bagby, Z. C. Taylor e Catherine Taylor foram demissoriados pela Primeira Igreja Batista do Brasil, de Santa Barbara, e o quinto, o ex-padre Antonio Teixeira de Albuquerque, primeiro batista brasileiro, batizado pelo Rev. Robert Porter Thomas, demissoriado pela Igreja Batista da Estação, São Paulo (a 2ª Igreja Batista do Brasil). Disse-o bem uma descendente dos emigrantes norte-americanos de 16 de outubro de 1865: "O começo do trabalho batista no Brasil TEVE INICIO (grifo meu) com parte dessa colonia americana" ("O Jornal Batista", Rio, 27-11-1966).


Não compreendo o desprezo a que os Batistas do Brasil relegam sua própria História, que se reconstitui sob o império de leis e não à base de sentimentalismo. Afinal, que igreja brasileira foi essa, a de 1882, na Bahia, constituída por quatro norte-americanos e apenas um brasileiro? Quem pode argumentar, validamente, à luz do Novo Testamento, que uma igreja batista, de qualquer nacionalidade, não é uma igreja batista missionária? Não é da essência de uma igreja do Novo Testamento sua destinação missionária? Sofremos de um "ufanismo", que reduz em pelo menos dez anos o acervo de nossa história batista no Brasil. História não se faz por decreto, senão que resulta da pesquisa dos fatos. E os fatos são realmente "teimosos", como disse Ribot. O que se dá é que nossas fontes, muito pouco conhecidas, esgotam-se na área de influência da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, organizada em 1845. Mesmo dessa fonte vem um testemunho histórico insuspeito e autêntico.


"Em 12 de outubro de 1872 os batistas de Santa Bárbara nomearam uma comissão para entrar em contacto com a Baptist Board ofForeign Missions a respeito de mandar missionários para o Brasil para pregar em português. Não pediam para si, porque seus ministros podiam se sustentar, mas precisavam de dinheiro para mantermissionários. Apesar desse apelo ter sido feito em 1873, só anos mais tarde é que foi respondido. Em 1879 e 1880 esta carta e uma de Ratclift foi publicada no Foreign MissionsJournal, de agosto e fevereiro. Ratcliff insistia com a Board para usar o núcleo de batistas já existente aqui, como ponto de partida para outros trabalhos. Quillen, que nesse tempo era pastor em Santa Bárbara, se ofereceu para fazer o serviço missionário sem remuneração, mandando relatórios trimensais para a Board (Junta)".


Fonte: “Foreign MissionJournal Richmond", 1851-1916, NS. XI, n.º 5, de agosto de 1879, 2-3).


Salomão L. Ginsburg foi um dos nossos pioneiros. Eis o que depõe o bravo judeu errante:


"Foi em 1859 que o primeiro missionário batista chegou as plagas brasileiras. Chamava-se ele Rev. T. J. BOWEN, e por alguns anos tinha servido como missionário da nossa Junta, na Africa Ocidental, na Missão de Yoruba... Em 1861 abandonou o campo sem ter feito nada, a não ser implantar o desanimo... Em 1861, exatamente no ano em que o missionário Bowen abandonou o Brasil, desencadeou-se a grande guerra civil nos Estados Unidos da América do Norte, que durou até 1865... Milhares de famílias, entre as quais muitas batistas, viram-se, de um dia para outro, na maior miséria... Foi por isso que uma pléiade de familias crentes, contando-se entre elas batistas sinceros e dedicados, procuraram a terra hospitaleira e benfazeja do Cruzeiro do Sul. Instalados, graças ao interesse do magna-

nimo imperador D. Pedro II, na Vila Americana, no ubérrimo e salubre Estado Paulistano, um dos seus primeiros desejos foi obter ummissionário do Senhor, um pregador do santo Evangelho, capaz não só de administrar-lhes a Palavra, mas também de evangelizar os nacionais, que, no dizer deles, 'SE MOSTRAVAM INTERESSADOS E INCLINADOS para o Evangelho'. Em 1872 um abaixo-assinado, feito pelos batistas da Vila Americana, chegou às mãos da nossa Junta, solicitando-lhe que considerasse Brasil como campo missionário dos batistas do sul e enviasse com urgência ALGUNS MISSIONÁRIOS, tanto para servir aos batistas norte-americanos, QUANTO PARA PREGAR O EVANGELHO AOS BRASILEIROS. Infelizmente, a Junta, recordando-se do fracasso de 1861, não aceitou este convite senão depois de muito pensar e depois de garantido que o trabalho seria sustentado pela colônia, que ela também custearia as despesas da evangelização local. Para ali (Vila Americana) foi enviado em 1879 O Rev. E. H. QUILLIN, um homem de vida exemplar e de alta capacidade intelectual, amado e respeitado, tanto pelos seus patricios, quanto pelos brasileiros. A igreja, chamada PRIMEIRA IGREJA BATISTA NO BRASIL, tinha trinta membros e, em novembro (1879) daquele ano, uma outra igreja foi organizada mais perto da estação, composta de doze membros, também pastoreada pelo mesmo missionário... Como se vê, a primeira tentativa falhou, porém a segunda pegou, e a boa semente, lançada em terra tão fecunda, não tardou a brotar."


Fonte: O Centenario e a Historia Batista" ed. de "O Jornal Batista", de 7-9-1922

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