7.1 - A menção de Melquisedeque lembra a referência já feita a esse antigo sacerdote em Hebreus 5:10,11.
Melquisedeque foi tanto rei quanto sacerdote, uma combinação comum nos tempos antigos. Salém, tempos depois, foi chamada de Jerusalém.
7.2 - O nome Melquisedeque significa rei de justiça. Salém significa paz.
O rei ideal reina em justiça, o que assegura paz. Is. 32.27 “E a obra da justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança para sempre.”
7.3 - Sem pai, sem mãe, sem genealogia. Gênesis, um livro com muitas genealogias, não tem nenhuma para Melquisedeque.
O autor não está dizendo que Melquisedeque nasceu sem pai e mãe, o que seria um absurdo, apenas que não existe nenhum registro de seu nascimento nas genealogias de Gênesis.
Esta descrição de Melquisedeque prefigura o sacerdócio eterno de Jesus. E tal como ele, Jesus é tanto Sacerdote como Rei, pertencendo a um sacerdócio de justiça independente de Arão.
Alguns comentaristas referem-se a essa passagem com a suposição de que Melquisedeque seria uma manifestação pré-encarnada de Jesus o que é improvável, pois, como o autor afirma aqui claramente, ele é semelhante ao Filho de Deus, não é o mesmo que Ele.
7.4-7 - Melquisedeque foi grande porque Abraão deu a ele os dízimos.
No texto, a palavra patriarca é Enfática (veemente).
A grandeza de Abraão, aquele que possuía as promessas de Deus, ressalta a posição ainda maior de Melquisedeque, o sacerdote de justiça.
7. 8-10 - Melquisedeque era não apenas superior a Abraão, mas superior ao sacerdócio levítico de duas maneiras.
Primeiro, os sacerdotes levíticos eram homens comuns, que morrem, e, deste modo, diferentes sacerdotes representavam o povo em diferentes épocas; Melquisedeque, pelo contrário, vive, no sentido de que o A.T., não registra sua morte.
Segundo, até Leví deu o dízimo a Melquisedeque por meio da oferta de Abraão.
A epístola usa da expressão e, para assim dizer, para afirmar que Levi embora ainda não tinha nascido naquela época e não tendo, assim, dado o dízimo literalmente, pelo fato de descender de Abraão deve ser contado como tendo dado o dízimo a Melquisedeque também.
7.11-25 - Por que Cristo, o Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque, substituiu o sacerdócio levítico?
Interpretando o Salmo 110.4 frase por frase, o autor de Hebreus dá a resposta: O sacerdócio de Cristo foi Profetizado (v.11-14);
Seu sacerdócio era baseado na virtude da vida incorruptível (v.15-19);
O juramento de Deus estabeleceu o sacerdócio do Nosso Senhor (v.20-22);
Cristo não tem sucessor, mas permanece eternamente (v.23-25).
Debaixo desse novo plano, a Lei (.12) foi substituída por uma melhor esperança (.19) e um melhor concerto (v22).
7.11 - Se o sacerdócio levítico tivesse sido capaz de levar as pessoas à perfeição, não seria necessário um sacerdote superior, da ordem de Melquisedeque (Sl. 110:4).
Se os sacerdotes sob a Lei de Moisés pudessem oferecer reconciliação entre Deus e Seu povo, não haveria necessidade da vinda do Messias, Aquele que restabelece o relacionamento dos israelitas com Deus.
7.12 - Mudança significa remoção (Heb.12:27 “Ora, esta palavra, ainda uma vez, significa a remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que permaneçam as coisas inabaláveis.”
Se o sacerdócio de Melquisedeque removeu o sacerdócio levítico, então a lei de Moisés foi também removida. Em suma, o crente não está sob a lei, mas sob a justiça de Cristo ( Rom 6.14; Gl.3.24,25) . “Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça.”
Qualquer sistema religioso que tente permanecer sob a Lei não pode ter Cristo, porque Cristo foi o único que cumpriu plenamente a Lei e pode justificar-nos.
7.13-19 - O autor fornece dois argumentos para demonstrar que a antiga aliança foi substituída.
A primeira está nos versículos 13 e 14, e a segunda, nos versículos 15 a 19.
&.13,14 - Aquele de quem estas coisas se dizem é o Senhor, que se levantou de outra tribo, a de Judá. De acordo com a Lei a tribo de Judá não tinha a ver com o sacerdócio.
O argumento se baseia no Salmo 110.4 (Heb. 5.6).
Se o A.T., dizia que outro sacerdote de outra tribo estava por vir é porque, claramente, aquela aliança estava por ser substituída.
7.15-19 - A lei que regulava o sacerdócio era carnal, no sentido de que regulava as ações externas das pessoas.
O Senhor, no entanto, é um Sacerdote segundo a virtude da vida incorruptível, como afirma o Salmo 110.4, citado no versículo 17. Jesus é um tipo diferente de Sacerdote - outra indicação de que a aliança mudou.
O mandamento não foi ab-rogado(assumido, apossado...), houve uma reinterpretação da lei.
7.20-22 - O sacerdócio de Cristo é superior ao sacerdócio de levítico porque foi estabelecido por um juramento de Deus (Jurou o Senhor, em Salmo 110.4)
4.23,24 - Como Cristo vive eternamente, Seu sacerdócio é perpétuo. No sistema levítico, a função de sumo sacerdote estava sempre mudando de mãos.
Ao morrer um sumo sacerdote, outro assumia a função.
Flávio Josefo avalia que existiram 83 diferentes sumo sacerdotes de Arão até a queda do templo, no ano 70 d.C.
7.25 - Cristo pode também salvar por ser inteiramente divino e inteiramente humano Hb. 2.18 -”Porque naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados.” 4:15 “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.”
Se este versículo for tomado como se referindo à presente intercessão de Jesus por nós, a palavra salvação adquire o significado de santificação, processo contínuo pelo qual somos libertos do poder do pecado.
Esse processo deverá ser um dia completado com a nossa glorificação, quando formos enfim resgatados totalmente do poder do pecado.
A palavra perfeitamente se refere a essa glorificação, à nossa salvação completa, integral.
Que se chegam. o verbo grego para chegar está no tempo presente, o que indica que Jesus continua a salvar aqueles que se chegam a Ele. Em outras palavras, nossa justificação é um acontecimento definitivo, consumado na cruz, mas a santificação é um processo contínuo.
Como Cristo tem um sacerdócio eterno, Ele pode salvar perfeitamente (gr.panteles), palavra que significa completamente ou inteiramente.
Para sua salvação completa ( I Ts.5:23 - “E o próprio Deus de paz vos santifique completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo.”, deve o crente se chegar a Deus por meio de Cristo, que intercede por ele.
É essa a última e a maior das três grandes aptidões ou possibilidades que se oferecem ao crente, apresentadas neste texto ( Heb. 2;18; 4;15
7.26 -28 - O Autor conclui este capítulo com um resumo de por que o sacerdócio de Jesus é superior a qualquer outro.
Mais sublime do que os céus significa que Cristo é exaltado acima de tudo e se assenta na glória, à direita do Pai. (Hb. 1.3; 2.9;4.14).
Como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios.
O sumo sacerdote oferecia um sacrifício contínuo, anualmente, no dia da expiação, por si mesmo e pelos pecados do povo (Heb. 9;7;10.1 “Porque a lei, tendo a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, não pode nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que se chegam a Deus”., enquanto os demais sacerdotes ofereciam sacrifício contínuo diariamente pelas culpas e pecados diante do Senhor (Êx.29.36)
“Também cada dia oferecerás para expiação o novilho de sacrifício pelo pecado; e purificarás o altar, fazendo expiação por ele; e o ungirás para santificá-lo”.
Jesus porém, ofereceu sacrifício de si mesmo uma única vez, sacrifício não por pecado próprio, mas suficiente e perfeito pelos pecados de todos nós.
Por ser Ele perfeito, não precisou oferecer sacrifício por pecado próprio.
A natureza estável, permanente e eterna do sacrifício de Jesus estabelecido por juramento de Deus contrasta com a natureza frágil e temporal do sacerdócio levítico.
Aplicação:
Se os líderes falharem ao se comunicar com os outros, eles acabarão andando sós.
O escritor aos Hebreus apresenta um quadro da superioridade de Jesus quando compara a Melquisedeque.
Bons comunicadores comunicam coisas que são novas ou desconhecidas, valendo-se de figuras de linguagem ou imagens que são de domínio de todos.
Melquisedeque é uma dessas figuras que serviram como ricas metáforas, pois como Cristo.
I- Sua liderança era universal e não nacional.
Ele não estava confinado ao sacerdócio de uma nação em particular.
II - Sua liderança era superior e muito acima da média.
Ele é retratado como sendo alguém superior e respeitado, a quem Abraão rendeu honras;
III - Sua liderança era fundamentada na justiça e não na autossuficiência.
O nome desse rei significa “Rei de justiça” de Salém (paz);
IV- Sua liderança era particular e não hereditária, Ele não se tornou líder porque nasceu na família certa ou porque tinha a herança genética certa;
V - Sua liderança é eterna e não provisória. Ele permanecerá, como Cristo, sacerdote para sempre.
Fonte Bibliográfica:
A Bíblia da Mulher - Editora Mundo Cristão, 2008
Bíblia da Liderança Cristã - John C. Maxwell. S.B.B;
Bíblia de Estudo Batalha Espiritual e Vitória Financeira. Editora Central Gospel;
Comentário Judaico do Novo Testamento - Editora templus,2008;
Dicionário Bíblico John D. Davis
Dicionário da Língua Portuguesa - Aurélio
O Novo Comentário Bíblico - Novo e Velho Testamento - Editora Central Gospel, 2010;
Gramática Grega (Wallace) Editora Batista Regular do Brasil,2009
História dos Hebreus - Flávio Josefo - CPAD - 17ª ed.2010.
Por: Pr. José Lopes de Oliveira.
Parabéns, Lopes! Excelente texto!
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