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INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA José Lopes de Oliveira Grupo participante: Aline Alves da Cunha Venâncio; Elton fraga de Barros; Wellison Arlen da Fonseca; Edimar Machado dos Santos; Kailane da Silva Barroso. Trabalho de estudo dirigido elaborado para a Disciplina de Ambientação, exigência da Faculdade única de Ipatinga aos ingressos do Curso Superior, 1ª e 2ª Graduação – Interdisciplinar, sob a orientação Profª tutora Valéria da Silva. IPATINGA/MG 2021 Estudo Dirigido II INTRODUÇÃO Vivemos em um tempo de poucos referenciais dignos de serem imitados no que se refere à Tolerância Religiosa. Quando olhamos para os adeptos, percebemos muita disputa, contenda, divisões e ressentimentos, onde a autoridade dos líderes fica exposta ao descrédito da sociedade. No mundo hodierno vemos o grande barateamento da Religião. Muitos retiram das escrituras somente aquilo que traz bem-estar. É certo que Deus é bondoso e generoso, mas a essência da Religião deve ser um só Deus. A Religião antropocêntrica deve ser mudada para ter Deus no centro. Seu amor, sua graça, sua vontade, seus planos, seu padrão de vida, o modelo a ser imitado por todos aqueles que querem exercer fé com excelência tendo como objetivo o resgate da tolerância e respeito ao direito de expressão religião conforme preceitua a Lei em nossos dias. O discurso corrente deste mundo moderno valoriza a individualidade ao extremo, “Minha visão, meu chamamento, minha unção”, são apenas algumas expressões que podem indicar o quanto estamos influenciados por essa mentalidade. Apóstolos, Bispos, Pais de Santo, Serafins, Pastores e Padres são os títulos mais comum nesta geração onde muitos deles são ostentados como “deuses” nas suas comunidades de fé, trazendo desconfianças e Intolerância Religiosa a sociedade causando desconforto doutrinário e julgamentos infundados no quesito bíblico-teológico, inquirindo a legitimidade da autoridade liderança daqueles que assim se intitulam. A Intolerância Religiosa, segundo a definição de Juliana Monteiro Steck (Fonte: Agência Senado) é: “um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças e práticas religiosas ou mesmo a quem não segue uma religião. É um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana.”. Mesmo em pleno século 21, a Intolerância Religiosa ainda é hoje um dos principais responsáveis por denúncias de depredação de patrimônios, xenofobia e até mesmo de violência física. As denúncias relativas a esse tipo de crime crescem ano após ano. Estatísticas apontam que em nosso país, as religiões de matriz africana (como a umbanda e candomblé), são as que mais sofrem com este tipo de violência. Portanto, é preciso chamar a atenção ao problema da questão de Intolerância Religiosa e apontar o retorno da Unidade Religiosa e ao bem comum de todos. QUANDO COMEÇOU A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA? Não é necessário retornar muito na linha do tempo, nem mesmo recorrer a grandes dados ou pesquisas passadas para ter em nossa mente a certeza de que este é um problema que nos acompanha desde o início da história. Segundo Jostein Gaarder que estudou filosofia, teologia e literatura em seu livro “O Mundo de Sofia um romance da história da filosofia, São Paulo Cia. Das Letras, 1998, p.336,337” ele disserta sobre as ideias do Iluminismo francês baseados em sete pontos onde um deles é: “A revolta contra as autoridades”. Gaarder descreve na sua obra que muitos filósofos do Iluminismo francês tinham visitado a Inglaterra, em certo sentido era mais liberal do que a própria França. A ciência natural inglesa, sobretudo Newton e sua física universal, fascinou esses filósofos franceses. Mas também os filósofos ingleses foram fonte de inspiração para eles, principalmente Locke e sua filosofia política. De volta à sua pátria, eles começaram pouco a pouco a se rebelar contra o velho autoritarismo. A tradição de Descartes que propunha a reconstrução de tudo de baixo para cima levou a revolta contra o velho autoritarismo que não tardou a se voltar também contra o poder da Igreja, do rei, e da aristocracia. Assim com esse levante os franceses fizeram a Revolução de 1789, conhecido na história como “A Revolução Francesa”. Com o advento do secularismo um termo que Peter Ludwig Berger no seu livro “O Dossel Sagrado Elementos para uma Teoria Sociológica da Religião, São Paulo, Paulinas, 1985 p.117,118” define que “foi usado originalmente, na esteira das Guerras de Religião, para indicar a perda do controle de territórios ou propriedades por parte das autoridades eclesiásticas". No direito Canônico, o mesmo termo passou a significar o retorno de um religioso ao “mundo”. O termo “secularização” e mais ainda o seu derivado “secularismo”, tem sido empregado como um conceito ideológico altamente carregado de conotações valorativas algumas vezes positivas, outras negativas. Em círculos anticlericais e “progressistas”, tem significado a libertação do homem moderno da tutela da religião, ao passo que, em círculos ligados a igrejas tradicionais, tem sido combatido com a “descristianização”, “paganização” e equivalentes. Essas duas perspectivas ideológicas que dão aos mesmos fenômenos empíricos índices de valores opostos, podem ser observadas de maneira interessante nas obras de sociólogos da religião inspirados pelos pontos de vista marxista e cristão respectivamente. Na visão de Berger, existe o lado subjetivo do processo que é a “secularização da consciência”, a qual significa que o “Ocidente moderno tem produzido um número crescente de indivíduos que encara o mundo e suas próprias vidas sem o recurso às interpretações religiosas”. A “crise de credibilidade” na religião é uma das formas mais evidentes do efeito da secularização para o homem comum. Em decorrência disso, a religião deixa de cumprir sua função tradicional, que “era precisamente estabelecer um conjunto integrado de definições da realidade que pudesse servir como um universo de significado comum aos membros de uma sociedade”. Assim, a religião perdeu a sua força e poder, na medida em que ela já não constrói o “mundo”, mas “mundos parciais”, fragmentados, cuja estrutura de plausibilidade que segundo Berger é tudo aquilo que as pessoas realmente acham digno de fé, se restringe ao universo individual ou familiar. A secularização não apenas provocou a polarização da religião, mas também a conduziu para uma situação de pluralismo, que findou em intolerância às formas de crer e professar o seu credo, com o fim dos monopólios das tradições religiosas e a instauração de um regime em concorrência entre os diversos grupos religiosos. O denominacionalismo norte-americano, caracterizado pela competição entre os diferentes grupos religiosos, é um exemplo típico de pluralismo, que com a secularização, esses grupos religiosos não competem somente entre si, mas também com organizações não religiosas, movimentos ideológicos revolucionários ou nacionalistas, na tarefa de definir o mundo. O corolário disso é os ex-monopólios religiosos, segundo Berger (1985, p.149): “[...] não podem mais contar com a submissão de suas populações. A submissão voluntária e, assim, por definição, não é segura resulta daí que a tradição religiosa, que antigamente podia ser imposta pela autoridade, agora tem que ser colocada no mercado. Ela tem que ser “vendida” para uma clientela que não está mais obrigada a “comprar”. A situação pluralista é, acima de tudo, uma situação de mercado. Nela, as instituições religiosas tornam-se agências de mercado e as tradições religiosas tornam-se comodidades de consumo. E, de qualquer forma, grande parte da atividade religiosa nessa situação vem a ser dominada pela lógica da economia de mercado. ” Diante dessa nova situação, o que passa a importar são os “resultados”. Se antes as instituições que detinham o monopólio religioso não eram pressionadas para produzir resultados, agora elas têm que se esforçar para obtê-los. Para isso, elas têm que se organizar de modo a conquistar uma população de consumidores disputada também por outros grupos. Peter L. Berger sustenta que a situação pluralista produzida pela secularização mergulha a religião numa crise de credibilidade. Isso porque o pluralismo se refere a qualquer situação na qual há mais do que uma visão de mundo à disposição dos membros da sociedade, em outras palavras, uma situação na qual há competição entre várias visões de mundo. O indivíduo moderno existe nessa pluralidade de mundos, indo de um lado para o outro, como se fosse um nômade, transitando entre estruturas de plausibilidade, cada uma sendo enfraquecida pela convivência com outras estruturas de plausibilidade. É nesse sentido que Berger considera a pluralização a mais importante causa da crise de credibilidade das tradições religiosas. Em decorrência disso, ainda segundo Berger (1985, p. 166), “o problema fundamental das instituições religiosas é como sobreviver num meio que, já não considera evidente as suas definições da realidade”. POR QUE SE HÁ A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NOS DIAS ATUAIS? A intolerância Religiosa se dá devido à situação de mercado que se criou na busca de clientela (fiéis), para atender as demandas eclesiásticas, na busca de satisfazer o consumo do homem moderno, e o pluralismo que propõe a concorrência entre diversos grupos religiosos. Diante destes falsos líderes se tornam “marqueteiros” e vendedores de ilusões. A partir deste ponto, podemos nos ocupar sobre os efeitos da Intolerância Religiosa no seio da sociedade praticamente em todas as linhas de pensamento e crenças sóciorreligiosas. Engana-se, no entanto, quem acredita que determinadas seitas sejam isentas a todo tipo de preconceito ou que outras sejam maior alvo, mesmo em vista deste crescente pluralismo. Desde o Império Romano, os cristãos são grande alvo de perseguição e ainda hoje em vários lugares do mundo, continuam a produzir seus mártires, pessoas que são assassinadas por se recusarem a negar a sua fé. Outra situação típica também é a intolerância entre as religiões ligadas ao Islamismo devido a fácil associação de seus adeptos aos praticantes de atos terroristas. INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL O Brasil, pela constituição, é um Estado Laico. Em teoria, deve ser independente, sem influências da Igreja. Isso assegura a liberdade de escolha individual. A intolerância religiosa é tida como crime de ódio, considerada inafiançável e imprescritível, sendo os ofensores sujeitos a pagamento de multas e prisão. No entanto, esse apoio da lei foi possível a partir de 1891, com a instalação do governo republicano. Até então, o catolicismo era a religião oficial e outros tipos de cultos banidos. O caminho da intolerância religiosa no país começou com a chegada dos portugueses. Os índios, povos nativos, foram obrigados a renegar as crenças e tradições de origem, enfrentando catequização dos padres jesuítas. Em seguida, com a vinda dos negros africanos escravizados, o mesmo processo manipulador se repetiu. Eles tiveram que cultuar seus orixás através dos santos católicos, uma estratégia para driblar a doutrinação católica dos senhores de terra. O domínio do catolicismo sofreu um certo enfraquecimento apenas no Segundo Reinado – momento de imigração alemã e vinda de pastores da Igreja Luterana. A consolidação da república permitiu maior liberdade de culto. As religiões de matriz africana continuam sendo as mais impactadas pela intolerância religiosa. No passado, os terreiros e praticantes eram alvos da polícia e nos dias atuais são reféns de ataques e atos de vandalismo. Por isso a umbanda e o candomblé são as crenças mais atacadas no Brasil. Religiões evangélicas e espíritas ficam logo atrás. DIA DE LUTA No dia 21 de janeiro comemora-se o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data, que é baseada na Lei de n° 11.635, é em homenagem à Iyalorixá Mãe Gilda, do terreiro Axé Abassá de Ogum, em Salvador – que sofreu infarto após ser acusada de charlatanismo e ter sua casa e terreiro invadidos. O dia de enfrentamento, em vigor desde dezembro de 2007, é na mesma data de falecimento da Iyalorixá, que se tornou símbolo de combate à intolerância, especialmente em relação às religiões de matriz africana. CONCLUSÃO Uma análise franca e cirúrgica deste estudo, bem como de nossas próprias convicções e percepções, nos torna capazes de identificar à origem deste grande mal. A definição de intolerância é segundo o dicionário Aulete a qualidade daquele que é intolerante... A palavra intolerante vem do Latim INTOLERANTIA, formada por IN, negativo, mais TOLERANTIA, capacidade de resistir, de aguentar”. Ou seja, a Intolerância Religiosa nada mais é, que uma denúncia contra aquele que a comete... O “problema” não está na escolha religiosa do outro, mas sim na falta de capacidade do intolerante, em aceitar uma visão e uma vivência que seja diferente da sua. E mais ainda, ao não aceitar, denuncia suas atitudes impositivas que tem como principal objetivo fazer das suas escolhas e seus pensamentos as escolhas e pensamentos dos outros. É urgente nesse sentindo estarmos preparados para refletir sobre quanto mais pode ser produzido de mal a partir do momento que não sou capaz de admitir, consentir, com as escolhas do outro. Fica muito claro para nós que o caminho para amenizar o problema da Intolerância Religiosa passa pelo exercício de olhar para si mesmo, instalar-se na sua própria realidade e concluir que o que é direito meu é também direito do outro, o que forma meu “eu” é diferente do que forma o outro. Não precisamos ser iguais, não precisamos ser rivais. Precisamos apenas nos respeitar, nos delimitar e não nos invadir. A Intolerância Religiosa é, portanto mais uma grande forma de invasão. Que a cada vez que um semelhante, nosso seja ameaçado por nós em sua liberdade, sejamos capazes de pensar, parar, não avançar e retroceder! Talvez somente assim, poderemos um dia, plantar histórias melhores para as gerações que ainda virão. “Assim sabemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos” I João 5:2 “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus, e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus”. I João 4:7 “Dá instrução ao sábio, e ele se fará mais sábio ainda; ensina o justo e ele crescerá em prudência”. Provérbios 9:9 BIBLIOGRAFIA. ALMEIDA, Ferreira João; Bíblia de Estudo Almeida Revista e Atualizada; Sociedade Bíblica do Brasil, 1999; Barueri; SP. BARNA, George; O Poder da Visão; Editora Abba Press; 3o edição abril de 1999; São Paulo; SP. BERGER, Peter L; O Dossel Sagrado Elementos para uma Teoria Sociológica da Religião; Edição Paulinas, 1985; São Paulo; SP. GAARDER, Jostein; O Mundo de Sofia Romance da história da filosofia; 30ª impressão; Cia. Das Letras; editora Schwarcz Ltda, 1998; São Paulo; SP. OLIVEIRA, José Lopes de A Contribuição da Psicopedagogia no Projeto Missionário: Ênfase na família, Dispulado, Comunidade e Meios de Comunicação. Editora Koinonia, 2014 (esgotado) reeditado no amazon.com.br SILVA, do Amaral Roberto; Princípios e doutrinas batistas. Os marcos de nossa fé; JUERP, 2003; Rio de Janeiro; RJ. SILVA, da Faria Mairon Erley; Respostas Evangélicas à Religiosidade Brasileira; Edições Vida Nova, 2004; São Paulo; SP.

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