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APRENDENDO A PENSAR


APRENDENDO A PENSAR
José Lopes de Oliveira    
                                                       
Normalmente a Educação é explicada como sendo uma instituição essencialmente pedagógica, filosófica, progressista e evolucionista. Proclama a prevalência do Espírito sobre a matéria. Luta pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social do ser humano, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da Verdade, principalmente quando se fala de Filosofia.
 Essa explicação nos dá absoluta certeza de que nossa Sublime Instituição Educacional é, antes de tudo, um edifício cujas bases são firmes e perenes, porque a argamassa que une os elementos que as formam é de extraordinário valor de sustentação. Esta argamassa é composta de dois ingredientes insubstituíveis: verdade histórica e verdade filosófica.
Na própria explicação do que seja Filosofia já se nota que se deseja colocar em relevo a presença do SER. Os intuitos da Filosofia são todos fixados no ser humano.
Por isso mesmo, quando a explicação fala que o espírito prevalece sobra a matéria, não há como fugir, é sinal de que a filosofia ali estará presente sobre todos os aspectos, de vez que o estudo que se projeta sobre o íntimo da pessoa humana tem caráter exclusivamente filosófico.
Porque mesmo que se queira catalogar a Filosofia como ciência, haverá sempre alguma coisa na psique humana que fica ao arrepio de explicações cientificas.
E tem mais: investigações acadêmicas em termos filosóficos, só pode ser feita através da intuição filosófica.
Quando buscamos a verdade histórica em termos Filosóficos, cresce e avulta a nossa admiração pelos verdadeiros historiadores da filosofia.
É necessário ter sempre debaixo dos olhos que os historiadores misturaram e misturam sempre em seus trabalhos – e não podem deixar de misturar – considerações que incidem sobre a marcha dos sucessos humanos.
É a filosofia da história que se projeta como uma verdade latente, nascida do pensamento de que do conjunto dos fatos históricos se pudesse tirar uma lei geral do desenvolvimento da humanidade.
O aluno estudioso não pode ignorar que, no século XVIII, alguns filósofos com Bossuet, Voltare, Montesquieu, Vico e Herder fundamentaram os princípios sobre os quais se criou a filosofia da história. Bossuet em seu Discurso sobre a História Universal pretendeu mostrar que toda a história da humanidade era dirigida por designo providencial. Voltaire no seu Ensaio sobre a Natureza, se contrapõe a Bossuet e, de maneira muito inteligente, procura mostrar que a história depende de causas puramente humanas. Montesquieu, procurou estabelecer que todas as manifestações da atividade humana, políticas, religiosas, artísticas e intelectuais são solidárias entre si.
Certos ou errados esses filósofos colaboraram para que os estudos acerca da história se desenvolvessem de tal maneira até chagar o que são hoje.
O certo é que se atribui a Vico a criação da filosofia da história com a publicação da obra intitulada Princípios de uma Ciência Nova que deve ter sido publicada por volta de 1725. Nesta obra, Vico afirma que a unidade do desenvolvimento humano e a identidade da lei que o rege nos vários povos estão uniformemente sujeitos a passar pelas mesmas idades sucessivas.

Isto se parece com o que acontece com a gênese da linguagem cujos fenômenos se sucedem sempre da mesma maneira e sem a interferência da vontade do homem.
Pelo visto, se conclui que a verdade histórica não desmerece o grande valor da filosofia. A história não dispensa a presença da filosofia nos fatos que ela fixa e que retratam a vida da humanidade sobre a terra.
Parece-me, que no momento em que a Europa passava por grandes mudanças que modificariam completamente o “modus vivendi” sobre a terra, surge a Filosofia Moderna.
E talvez nossa Educação seja fruto dessas mudanças. O movimento denominado Ilustração, ou Iluminismo explodia por todos os lados, procurando modificar o “status” então reinante.
Temos plena convicção de que a História da Filosofia sofreu influências marcantes do Iluminismo, na sua formação ideológica. Talvez tenha sido aí que a Filosofia ensinou que a liberdade de pensamento, e a igualdade são sagradas para o homem.
Mas vamos ao que nos foi proposto para esta conversa.
Expor um sistema filosófico, de conhecer esta ou aquela escola de filosofia é coisa que se nos antolha fácil; todavia quando nos pomos a falar de filosofia no Ensino Médio, sentimos o peso da dificuldade, pois estamos diante de uma tarefa difícil de ser realizada. Isso porque a filosofia não é o resultado da criação de um ou alguns Filósofos.
Ela é filha de filósofos orientais e ocidentais. Isto faz com que realmente um duro trabalho distinguir onde entra o dedo deste ou daquele filósofo, uma vez que a Filosofia para si, incluindo em seus ensinamentos, tudo o que de melhor foi produzido pelos grandes avatares da humanidade.
O que se pretende, antes de mais nada, é mostrar, em linguagem simples, que filosofar deve ser o empenho de todos aqueles que pretendem obedecer a tudo aquilo que julgam ser matéria correspondente ao que, do professor de Filosofia exige a Sublime Instituição.
Por que a Filosofia não escolheu uma escola, um sistema filosófico, entre tantos que existem e que os foram legados por verdadeiros gênios da humanidade?
Todos nós sabemos que a Filosofia não se prende a uma escola ou a um determinado sistema porque isso seria tirar a liberdade de interpretação de seus membros, obrigando-se a seguir um determinado caminho, o que seria negar a sua própria pregação. Lavagem cerebral fica bem para instituição verdadeiramente ditatoriais.
Pedagogicamente, a Filosofia mostra ao homem que ele tem um compromisso consigo mesmo, com o seu pensar o que fazer de sua própria existência.
Pois, quando o homem prescinde de si mesmo, de seus deveres, quando o homem abre mão da sua liberdade, da quantificação do seu próprio eu, quando o homem se esquece de si próprio, está a negar-se como ser, ele nega como ente.
É pensando em tudo isso que perguntamos, alto e bom som, se o estudante que não estuda, que não se dedica a buscar aqueles conhecimentos que a Filosofia lhe proporciona não estaria negando a si mesmo como Ser-estudante?
É indubitável que a filosofia tem muita coisa tirada da metafísica oriental e ocidental. Entretanto, após anos de estudos, de pesquisas e de observação, chegamos à conclusão de que o conteúdo da filosofia tirada da filosofia ocidental está livre de certas dificuldades interpretativas à filosofia dos grandes filósofos quer gregos, quer europeus.
E onde está, então, esta espécie de libertação interpretativa dos meandros filosóficos?
Chegar-se-á a esta conclusão ao verificar que a interpretação do ideário filosófico se fez e se alcança através das alegorias simples e das alegorias símbolos. Na maioria das vezes a interpretação é feita de maneira subjetiva, faltando-lhe o rigor, a clareza que se exige numa exposição rigidamente filosófica.
Que não se pense que estejamos negando a presença de grandes filósofos, sobretudo aqueles da época do Renascimento e do Iluminismo no Ensino médio.
Depois de anos e anos procurando mostrar o valor da filosofia em nossos ensinamentos, sentimo-nos, hoje, recompensado em verificando já a presença de alguns novos, tentando mostrar a influência da filosofia, sobretudo grega, no Ensino de filosofia, quer no Ensino Médio, quer na Universidade. Talvez muito mais pela influência do belo livro “O Mundo de Sofia”, do que por influência nossa e de outros dedicados colegas professores que se entregam ao estudo da metafísica e dos outros ramos da árvore filosófica.
Não importa se o escritor procura mostrar que no Ensino Médio se faz presente, do início ao fim da iniciação aos estudos filosóficos, a filosofia de Platão, esquecendo-se de que ali o império é de Sócrates e dos pitagóricos.
Não importa que, algumas vezes, topemos com citações de Aristóteles como sendo de outros filósofos. Talvez porque tais citações sejam feitas não por estudo direto, mais através de obras de historiadores românticos como é o caso de Édouard Schuré.
O que importa é que colegas nossos, filósofos legítimos, como – permitam-me a citação – como Ruy Oliveira, Octacílio Schuler Sobrinho, Darley Worm, Luiz Roberto, Campanhã, Antônio do Carmo Ferreira, Se Um Ahn, Descartes de Souza Teixeira, Vidigal de Andrade Vieira. Leonardo Kwang Ahn, José Marcelo Braga Sobral, Vanderley Freitas Valente, José Ramos Jr., Ambrósio Peters, João Ribeiro Damasceno e Frederico Guilherme Costa, Marilena Chauí, Anísio Teixeira, Paulo Freire entre outros, verifiquem que todos os esforços feitos na amostragem do valor da filosofia em nossos ensinamentos começam a surtir efeito.
Estamos, em parte, de acordo com o filósofo chileno Mussa Battal quando afirma: “Aproxima-se a filosofia Ocidental do socratismo e do aristotelismo e, mais ainda, do estoicismo, às posições renascentistas e racionalistas; inviolavelmente adicta a ilustra; ligada estreitamente ao criticismo kantiano, ao espiritualismo, ao positivismo e, particularmente, ao evolucionismo...”
Gostamos de repetir que o Ensino Médio é de caráter personalíssimo. Ali, o socratismo é bastante claro, basta saibamos que quase toda a doutrina desse Ensino se arrima no “conhecer-te a ti mesmo e no vence-te se desejas realmente vencer. ”
O reconhecimento de defeitos e deficiências, quando reais, se, para o estudante do Ensino Médio, é caminho de desequilíbrio, de desânimo, de capitulação, para o acadêmico é motivo de alegria, de intensa satisfação.
O estudante-aprendiz (quem não é?), o Aprendiz-estudante leva em conta as dimensões do quadro falho, como ponto de partida para a busca da correlação daquilo que precisa ser corrigido. Ele tem então consciência e admite o que precisa ser extirpado, aceita o desafio, pois já percebeu a necessidade de decidir, de reagir, de lutar...
Ser aprendiz-estudante ou estudante-aprendiz não é amedrontar- se diante do problema, mas encher-se de coragem e de disposição para a luta.
O homem, seja ele quem for, nunca chegará a ser filósofo, na expressão lata do termo, se não morre em sua qualidade de ignorante para renascer em sua qualidade de iniciado na filosofia.
Para os “estóicos”, o único bem é a virtude e esta consiste unicamente na coragem do homem de praticá-la, isto é extirpar de si tudo que não for o bem.
O pitagorismo está presente no Ensino Médio, em vários momentos de doutrinação do ensino, sobretudo quando adverte o Estudante de que o silêncio é necessário para meditar, para fazer o trabalho de introspecção.
Existe o velho adágio chinês que diz que o homem tem dois olhos para ver, dois ouvidos para ouvir, mas uma só boca para falar. Daí por que se diz que o silêncio é de ouro e o falar e de prata. Em termos de Filosofia não nos esqueçamos que tudo é simbólico. Exigir que o estudante permaneça em eterno silêncio é sandice pura!
Para que se possa desbastar a Pedra-Bruta é preciso, antes de tudo, de conhecimento próprio, de humildade e de muita coragem.
Onde buscar a filosofia em que possamos apoiar nossos estudos? Em Sócrates, no seu “conhece-te a ti mesmo”.
Através do estudo da filosofia socrática aprendemos que, antes de mais nada, a primeira coisa é aprender a pensar. Para aprender a pensar é preciso saber ouvir, ouvir com atenção, buscando encontrar o sentido exato das palavras de quem fala. Mesmo porque ao lado de desbaste das arestas da imperfeição, o estudante possui o inconsciente e o inconsciente não é, como muitos pensam, um arquivo morto.
O inconsciente não é um quarto de despejo onde se amontoam trastes que para nada mais servem.
O inconsciente pode armazenar e depois filtrar experiências construtivas, como pode muito bem filtrar frustrações.
E Sócrates nos ensina que aprender a pensar é aprender a conhecer, é aprender a discernir, é aprender a concatenar os pensamentos, é aprender a falar.
Esses ensinamentos, aplicados sobretudo no Ensino Médio são de extraordinária importância para a vida futura do professor de filosofia, pois, ao cabo de contas, propiciar-lhe-ão os meios e modos que irão facilitar-lhe o estudo, a busca, a pesquisa, aproveitando boa parte de todo aquilo que a Filosofia lhe proporciona para que cresça física, mental e espiritualmente.
BÍBLIOGRAFIA.
Ensinar e Aprender: construindo uma proposta – Secretaria do Estado da Educação/SP, Volume 1
FILOSOFANDO-  Introdução à Filosofia, Editora Moderna, 1],2] e 3] anos do Ensino Médio 2015-2017
FILOSOFIA: Ciência & Vida – Editora Escala, nº 2
A História da Filosofia – Nova Cultural
Vídeos Entrevistas da Plataforma UNIFESP

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Planos de Aula – 1         
 Plano de Aula, diferentemente das demais, tem como estratégia uma metodologia em que os recursos didáticos são os mais variados possíveis, e normalmente são de fácil acesso para o professor, e além disso fazem parte do seu cotidiano, como a lousa e o giz. A seção traz à tona alguns modelos que visam incentivar ou sugerir aulas mais dinâmicas, simples, objetivas e com recursos que normalmente fazem parte da constituição de qualquer escola, sendo assim de fácil execução tanto para os docentes quanto para os discentes.
OBJETIVO:
Esta seção tem por objetivo apresentar de modo contemporâneo alguns exemplos de planos de aula que podem ser aplicados para o fundamental e médio, seu principal intuito é ensinar conceitos filosóficos que exigem um alto grau de abstração de modo criativo, fácil e objetivo.
METODOLOGIA:
Pautados em métodos como: pesquisas bibliográficas, análises pictográficas, músicas, filmes, vídeos, análises de planos de aulas, material didático, pesquisas com discentes, etc.; procuramos realizar a montagem de planos de aulas tentando seguir as expectativas e ou críticas positivas dos estudantes de filosofia de modo a criar um material sério, mas, ao mesmo tempo, algo que também valorizasse a riqueza que há em recursos didáticos bem selecionados.
ENSINO FUNDAMENTAL:
a)      A mercantilização da cultura
b)      Pensamento, método e Finalidade da Filosofia
ENSINO MÉDIO:
a)      A concepção de Estado de Natureza em Rousseau;
b)      A distinção do amor em Santo Agostinho;
c)      A dualidade entre o mundo sensível e inteligível em Platão;
d)      A Origem da Filosofia;
e)      Criticismo;
f)       Existencialismo;
g)      Introdução ao empirismo;
h)      Marcuse e o progresso a luz de Freud;
i)       Mito e Filosofia;
j)       O conceito de ação e Virtude em Aristóteles e Spinoza;
k)      O Idealismo cartesiano;
l)       O Início do pensamento filosófico na Grécia antiga;
m)   O materialismo Histórico- dialético;
n)      O método Cartesiano;
o)      O mito Hoje;
p)      Sartre e o existencialismo.

AVALIAÇÃO
Seminários;
Trabalhos; Recortes de Jornais, Revistas, interpretação de filmes
Provação dissertativa e multiplica escolha.



                                 









PLANO DE AULA  -2
ÁREA: Filosofia Antiga – Introdução.
TEMA: Introdução à Filosofia.
TÍTULO: Mito e Filosofia.
 HISTÓRIA DA FILSOFIA: Filosofia Antiga.
 INTERDISCIPLINARIDADE: História, Estudo das línguas, da Literatura, formação da ciência, Ética.
TRANSVERSALIDADE: Política e Sociedade contemporâneas.
DURAÇÃO: Três aulas de 50 minutos.
Prof. J. Lopes
OBJETIVOS:
 Esta aula de Introdução tem como objetivo apresentar uma introdução à Filosofia a partir da sua origem; com ênfase às diferentes linguagens utilizadas pelos Homens antes e depois do advento da Filosofia, analisando como esta mudança reflete e contribui para as transformações nas concepções acerca do Universo e do próprio Homem. Nesta proposta, pretende-se apresentar um pouco da base procedimental da própria origem da Filosofia, isto é, a partir de debates, diálogos, perguntas e respostas, tem-se o desenvolvimento do objetivo de despertar, instigar o aluno para o exercício da reflexão. Nota-se que este é um exercício que está para todos, porém, a Filosofia pode oferecer uma sistematização mais conceitual para tal – e esta aula pode propiciar um momento para esta percepção.
METODOLOGIA:
Leitura de textos acompanhada de debates, perguntas, questionamentos, inferências às concepções de verdade e falsidade relacionadas à realidade contemporânea, reconhecimento do processo de desenvolvimento racional e cognitivo na história da humanidade e dos saberes por ele desenvolvido. Utilização da música Gita – Raul Seixas para uma análise da linguagem filosófica emergente.
PROGRAMAÇÃO:
 Aula 1: Leitura do texto “Mito e Filosofia”, acompanhado de debate, perguntas e escrita. Inicialmente, permitir que os alunos exponham suas ideias acerca do que é a filosofia. Após breve debate, um texto será distribuído para leitura em voz alta, com pausas para explicações e apontamentos com a contemporaneidade, com aspectos das disciplinas que convergem no tema, bem como a exposição dos temas cotidianos e contemporâneos que dialogam com o assunto. Esta explanação é acompanhada por perguntas e debate, de acordo com o interesse dos alunos; bem como de perguntas da professora para os alunos no intuito de estimula-los ao questionamento e à participação.
AULA 2: Leitura do texto “Os Pré-Socráticos e Os Sofistas”, acompanhado de perguntas, debates e escrita. Mesma programação metodológica acima descrita.
AULA 3: Apresentação da música Gita – Raul Seixas seguida de debate acerca da linguagem filosófica presente na letra da canção.
CONTEÚDO:
AULA 1: Mito e Filosofia.
 As pessoas em geral procuram obter o conhecimento e a sabedoria das coisas e, para tal, utilizam instrumentos. Por exemplo, um alpinista para chegar ao pico de uma montanha utiliza equipamentos específicos. O filósofo – amante da sabedoria – tem como instrumento a reflexão. No início dos tempos o homem começou a refletir e desenvolveu naturalmente a necessidade de explicar o mundo. Tanto sua capacidade de raciocinar, quanto seu conhecimento dos fatos eram limitados e escassos, apresentando, assim, explicações que não eram totalmente corretas. Estas explicações repletas de fantasias e erros deram origem aos mitos. Estes explicavam o desconhecido com base na experiência particular de cada comunidade. Assim, segundo o antropólogo Lévi-Strauss, “mito é a explicação do mundo por princípios simbólicos, muito próxima da religião”. As comunidades, no entanto, comunicavam-se e perceberam – com o tempo - que estas explicações eram contraditórias, pois para o mesmo problema (por exemplo, a seca) cada comunidade inventava um mito que pretendia explicar o evento. A partir da constatação de que os mitos não eram suficientes para responder às necessidades humanas de conhecimento, surgiram as explicações filosóficas (por volta do século VII ou VI a.C.), que utilizavam a capacidade de reflexão do Homem com o objetivo de conhecer a verdade. O que a diferencia dos mitos é seu objetivo de explicar logicamente e racionalmente os fatos. Inicialmente, a filosofia referia-se a todas as áreas do conhecimento humano, isto é, Matemática, Física, Biologia, Química, Geometria, etc. Seu objetivo, com o passar dos séculos, foi restringido e se separou das demais ciências. O filósofo diferencia-se, atualmente, do cientista, na maneira como se interessa pelos problemas estudados. O cientista pretende explicar sistematicamente um fenômeno, enquanto o filósofo se preocupa em entender: - O que é um fenômeno? Por que ele existe? Procura as causas primeiras. Enquanto o cientista estuda as coisas que existem no universo, o filósofo estuda o porquê de as coisas estarem no universo e serem o que são. A natural vontade do Homem de conhecer a essência profunda das coisas e descobrir o sentido da vida não preocupa a Ciência, mas sim, a Filosofia.
Aula 2: OS PRÉ-SOCRÁTICOS Heráclito:
 O Ser se Modifica – mobilismo. Heráclito defendia a ideia de que a realidade estava em constante modificação e por isso costumava dizer: “Você não pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, porque as águas se renovam a cada instante”. Para ele não havia estabilidade, pois tudo fluía e por isso todos os seres eram transitórios. Segundo sua teoria, a realidade das cosias é um vir a ser contínuo. Este vir a ser é chamado devir. O elemento originário (princípio comum) de todas as coisas é o fogo, pois traduz na energia o movimento deste eterno devir das coisas. Parmênides: O ser é eterno – imobilismo. Parmênides critica a ideia de devir e estabelece quando o ser se modifica torna-se algo que anteriormente não era – e isto é impossível. Por exemplo, a flor é o ser flor e o não ser fruto. Quando ele se torna fruto, seu ser é fruto e o não ser flor e semente. Parmênides diz então que o ser é e o não-ser não é. O ser é eterno, único, infinito, imóvel. Porém, ao observar que as coisas não são eternas, declara que existe, então, dois mundos – a saber, o primeiro mundo onde o ser é eterno, e o segundo, onde as coisas estão em constantes mudanças. No primeiro mundo onde o ser é eterno, podemos penetra-lo somente pela razão e no segundo, penetramos pelos sentidos. Os Sofistas e Protágoras Na Grécia antiga existiram diversos filósofos que defendiam diferentes teorias, muitas vezes contraditórias. Neste ambiente de contradições, algumas pessoas passaram a comercializar o saber e a oratória e eram conhecidas como sofistas. Eles não se preocupavam com a verdade ou falsidade do que ensinavam e importavam apenas em convencer as pessoas dos seus argumentos, cobrando altas taxas pelos serviços prestados. Protágoras foi o mais importante sofista e ensinou por muitos anos em Atenas. Sua tese está expressa na frase: “o homem é a medida de todas as coisas”. Assim, toda teoria poderia ser considerada como verdadeira, pois tudo não passava de diferentes pontos de vista. Reagindo contra os sofistas, surgiu Sócrates, um marco da História da Filosofia Grega.
3: “GITA” – Raul Seixas “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando”, “Foi justamente num sonho que ele me falou” Às vezes você me pergunta Por que é que eu sou tão calado Não falo de amor quase nada Nem fico sorrindo ao teu lado Você pensa em mim toda hora Me come, me cospe, me deixa Talvez você não entenda Mas hoje eu vou lhe mostrar Eu sou a luz das estrelas Eu sou a cor do luar Eu sou as coisas da vida Eu sou o medo de amar Eu sou o medo do fraco A força da imaginação O blefe do jogador Eu sou eu fui eu vou Gita Eu sou o seu sacrifício A placa de contramão O sangue no olhar do vampiro E as juras de maldição Eu sou a vela que acende Eu sou a luz que se apaga Eu sou a beira do abismo Eu sou o tudo e o nada Por que você me pergunta Perguntas não vão lhe mostrar Que eu sou feito da terra, Do fogo, da água, do ar Você me tem todo dia Mas não sabe se é bom ou ruim Mas saiba que eu estou em você Mas você não está em mim



ATIVIDADES:
1. Elaboração de um breve texto em casa sobre o tema da primeira aula de no máximo 15 linhas, com o objetivo de propiciar uma reflexão e material para análise posterior.
2. Participação nas aulas, por meio de perguntas realizadas pelos alunos, de respostas frente às perguntas propostas pela professora, com o objetivo de exercitar a auto-observação da fala, do pensamento, de propiciar desenvolvimento da fala, da defesa de ideias, do raciocínio, da autonomia do pensamento, da interpretação da fala e do texto escrito, do exercício do diálogo, da tolerância com as diferenças, da reflexão sobre as responsabilidades sócias.
3. Aplicação de um questionário para ser respondido no final da aula 3, a saber: A. O que é a Filosofia? B. Qual é a importância, para você, do ensino de Filosofia? C. O que causa interesse em você durante as aulas de Filosofia?

AVALIAÇÃO:

Será pedida uma análise do poema “GITA” com base no texto da aula 2 “Os pré-Socráticos”, destacando a máxima de Protágoras “O Homem é a medida de todas as coisas”. Este será um trabalho elaborado em casa, com data marcada para entrega e avaliado em 25% dos pontos do bimestre.

BIBLIOGRAFIA:

I.                    CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da Filosofia 1 – Dos Pré-Socráticos a Aristóteles. 2ª edição, São Paulo: Companhia da Letras, 2002.
II.                  II. HADOT, Pierre. O que é a Filosofia Antiga? Tradução de Dion Davi Macedo. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
III.               III. JAEGER, Werner. Paidéia – A Formação do Homem Grego. Tradução de Artur M. Parreira. Ed. 4, São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003.
José Lopes de Oliveira

PLANO DE AULA -3

Plano Filosofia 3º Ano do Ensino Médio

COMPETÊNCIAS


·                     Aplicar conhecimentos filosóficos no plano existencial, nos projetos de vida e nas relações sociais;
·                     Preparar de modo eficiente para o exercício do trabalho;
HABILIDADES:
·                     Ler textos filosóficos de modo significativo;
·                     Ampliar gradativamente o alcance da leitura filosófica;
·                     Elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo;
·                     Desenvolver a versatilidade profissional
CONTEÚDOS MÍNIMOS:
·                     A história do trabalho
·                     O conflito entre trabalho e realização
·                     A ética capitalista do trabalho
·                     O valor dado ao trabalho
·                     Trabalho e alienação
·                     A realização no mercado consumidor

Sugestões de Livros:


ARBEX José; TOGNOLI, Cláudio J. O mundo pós-moderno. São Paulo: Scipione (ponto de apoio), 1996.
MAGNOLI, Demétrio; ARBEX, José; OLIC, Nelson Bacic. Panorama do mundo. São Paulo: Scipione, 1996.
MARTINEZ, Paulo. Direitos de cidadania: um lugar ao sol. São Paulo: Scipione, 1996.

Sugestões de Filmes:
Eles não usam black-tie, 1981 dirigido por Leon Hirszman
Tempos modernos, 1936, direção: Charles Chaplin 
The Corporation, 2003, Produção: Mark Achbar, Bart Simpson
Camelos também choram, 2003, Byambasuren Davaa e Luigi Falorni
Rosalie vai às compras, 1989, Percy Adlon: 
Oscar Niemeyer – A vida é um sopro, 2007, Brasil, Fabiano Maciel 
A classe operária vai ao paraíso, 1971, Itália, Elio Petri


Sugestões de Textos:

O PAPALAGUI NÃO TEM TEMPO
O PEDREIRO VALDEMAR
Marchinha de carnaval carioca – 1949- Roberto Martins e Wilson Batista
A GLOBALIZAÇÃO E A CRISE DO SOCIAL
ABREU, Haroldo. Proposta, experiências em educação popular. Rio de Janeiro, ano 23, n. 64, mar. 1995. p. 13-6.
TRABALHO INFANTIL: ONTEM E HOJE CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO NA FRANÇA DO SÉCULO XIX
LAFARGUE, Paul. O direito à preguiça. Lisboa: Estampa, 1977. p.23-4
A REALIDADE DO TRABALHO INFANTIL
SILVA, Benedita da. Opinião. In: Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 dez. 1996. p. 1-3.



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