APRENDENDO A PENSAR
José Lopes de Oliveira
Normalmente a
Educação é explicada como sendo uma instituição essencialmente pedagógica,
filosófica, progressista e evolucionista. Proclama a prevalência do Espírito
sobre a matéria. Luta pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social do ser
humano, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada
da beneficência e da investigação constante da Verdade, principalmente quando
se fala de Filosofia.
Essa explicação nos dá absoluta certeza de que
nossa Sublime Instituição Educacional é, antes de tudo, um edifício cujas bases
são firmes e perenes, porque a argamassa que une os elementos que as formam é
de extraordinário valor de sustentação. Esta argamassa é composta de dois
ingredientes insubstituíveis: verdade histórica e verdade filosófica.
Na própria
explicação do que seja Filosofia já se nota que se deseja colocar em relevo a
presença do SER. Os intuitos da Filosofia são todos fixados no ser humano.
Por isso mesmo,
quando a explicação fala que o espírito prevalece sobra a matéria, não há como
fugir, é sinal de que a filosofia ali estará presente sobre todos os aspectos,
de vez que o estudo que se projeta sobre o íntimo da pessoa humana tem caráter
exclusivamente filosófico.
Porque mesmo que
se queira catalogar a Filosofia como ciência, haverá sempre alguma coisa na
psique humana que fica ao arrepio de explicações cientificas.
E tem mais:
investigações acadêmicas em termos filosóficos, só pode ser feita através da
intuição filosófica.
Quando buscamos a
verdade histórica em termos Filosóficos, cresce e avulta a nossa admiração
pelos verdadeiros historiadores da filosofia.
É necessário ter
sempre debaixo dos olhos que os historiadores misturaram e misturam sempre em
seus trabalhos – e não podem deixar de misturar – considerações que incidem
sobre a marcha dos sucessos humanos.
É a filosofia da história que se projeta
como uma verdade latente, nascida do pensamento de que do conjunto dos fatos
históricos se pudesse tirar uma lei geral do desenvolvimento da humanidade.
O aluno estudioso
não pode ignorar que, no século XVIII, alguns filósofos com Bossuet, Voltare, Montesquieu,
Vico e Herder fundamentaram os princípios sobre os quais se criou a filosofia
da história. Bossuet em seu Discurso
sobre a História Universal pretendeu mostrar que toda a história da humanidade
era dirigida por designo providencial. Voltaire
no seu Ensaio sobre a Natureza, se contrapõe a Bossuet e, de maneira muito
inteligente, procura mostrar que a história depende de causas puramente
humanas. Montesquieu, procurou
estabelecer que todas as manifestações da atividade humana, políticas,
religiosas, artísticas e intelectuais são solidárias entre si.
Certos ou errados
esses filósofos colaboraram para que os estudos acerca da história se
desenvolvessem de tal maneira até chagar o que são hoje.
O certo é que se
atribui a Vico a criação da
filosofia da história com a publicação da obra intitulada Princípios de uma
Ciência Nova que deve ter sido publicada por volta de 1725. Nesta obra, Vico
afirma que a unidade do desenvolvimento humano e a identidade da lei que o rege
nos vários povos estão uniformemente sujeitos a passar pelas mesmas idades
sucessivas.
Isto se parece com
o que acontece com a gênese da linguagem cujos fenômenos se sucedem sempre da
mesma maneira e sem a interferência da vontade do homem.
Pelo visto, se
conclui que a verdade histórica não desmerece o grande valor da filosofia. A
história não dispensa a presença da filosofia nos fatos que ela fixa e que
retratam a vida da humanidade sobre a terra.
Parece-me, que no
momento em que a Europa passava por grandes mudanças que modificariam
completamente o “modus vivendi” sobre a terra, surge a Filosofia Moderna.
E talvez nossa Educação
seja fruto dessas mudanças. O movimento denominado Ilustração, ou Iluminismo
explodia por todos os lados, procurando modificar o “status” então reinante.
Temos plena
convicção de que a História da Filosofia sofreu influências marcantes do
Iluminismo, na sua formação ideológica. Talvez tenha sido aí que a Filosofia
ensinou que a liberdade de pensamento, e a igualdade são sagradas para o homem.
Mas vamos ao que
nos foi proposto para esta conversa.
Expor um sistema
filosófico, de conhecer esta ou aquela escola de filosofia é coisa que se nos
antolha fácil; todavia quando nos pomos a falar de filosofia no Ensino Médio,
sentimos o peso da dificuldade, pois estamos diante de uma tarefa difícil de
ser realizada. Isso porque a filosofia não é o resultado da criação de um ou
alguns Filósofos.
Ela é filha de
filósofos orientais e ocidentais. Isto faz com que realmente um duro trabalho
distinguir onde entra o dedo deste ou daquele filósofo, uma vez que a Filosofia
para si, incluindo em seus ensinamentos, tudo o que de melhor foi produzido
pelos grandes avatares da humanidade.
O que se pretende,
antes de mais nada, é mostrar, em linguagem simples, que filosofar deve ser o
empenho de todos aqueles que pretendem obedecer a tudo aquilo que julgam ser
matéria correspondente ao que, do professor de Filosofia exige a Sublime
Instituição.
Por que a Filosofia
não escolheu uma escola, um sistema filosófico, entre tantos que existem e que
os foram legados por verdadeiros gênios da humanidade?
Todos nós sabemos
que a Filosofia não se prende a uma escola ou a um determinado sistema porque
isso seria tirar a liberdade de interpretação de seus membros, obrigando-se a
seguir um determinado caminho, o que seria negar a sua própria pregação.
Lavagem cerebral fica bem para instituição verdadeiramente ditatoriais.
Pedagogicamente, a
Filosofia mostra ao homem que ele tem um compromisso consigo mesmo, com o seu
pensar o que fazer de sua própria existência.
Pois, quando o
homem prescinde de si mesmo, de seus deveres, quando o homem abre mão da sua
liberdade, da quantificação do seu próprio eu, quando o homem se esquece de si
próprio, está a negar-se como ser, ele nega como ente.
É pensando em tudo
isso que perguntamos, alto e bom som, se o estudante que não estuda, que não se
dedica a buscar aqueles conhecimentos que a Filosofia lhe proporciona não
estaria negando a si mesmo como Ser-estudante?
É indubitável que
a filosofia tem muita coisa tirada da metafísica oriental e ocidental.
Entretanto, após anos de estudos, de pesquisas e de observação, chegamos à
conclusão de que o conteúdo da filosofia tirada da filosofia ocidental está
livre de certas dificuldades interpretativas à filosofia dos grandes filósofos
quer gregos, quer europeus.
E onde está,
então, esta espécie de libertação interpretativa dos meandros filosóficos?
Chegar-se-á a esta
conclusão ao verificar que a interpretação do ideário filosófico se fez e se
alcança através das alegorias simples e das alegorias símbolos. Na maioria das
vezes a interpretação é feita de maneira subjetiva, faltando-lhe o rigor, a
clareza que se exige numa exposição rigidamente filosófica.
Que não se pense
que estejamos negando a presença de grandes filósofos, sobretudo aqueles da
época do Renascimento e do Iluminismo no Ensino médio.
Depois de anos e
anos procurando mostrar o valor da filosofia em nossos ensinamentos,
sentimo-nos, hoje, recompensado em verificando já a presença de alguns novos,
tentando mostrar a influência da filosofia, sobretudo grega, no Ensino de
filosofia, quer no Ensino Médio, quer na Universidade. Talvez muito mais pela influência
do belo livro “O Mundo de Sofia”, do
que por influência nossa e de outros dedicados colegas professores que se
entregam ao estudo da metafísica e dos outros ramos da árvore filosófica.
Não importa se o
escritor procura mostrar que no Ensino Médio se faz presente, do início ao fim da
iniciação aos estudos filosóficos, a filosofia de Platão, esquecendo-se de que
ali o império é de Sócrates e dos pitagóricos.
Não importa que,
algumas vezes, topemos com citações de Aristóteles como sendo de outros filósofos.
Talvez porque tais citações sejam feitas não por estudo direto, mais através de
obras de historiadores românticos como é o caso de Édouard Schuré.
O que importa é
que colegas nossos, filósofos legítimos, como – permitam-me a citação – como
Ruy Oliveira, Octacílio Schuler Sobrinho, Darley Worm, Luiz Roberto, Campanhã,
Antônio do Carmo Ferreira, Se Um Ahn, Descartes de Souza Teixeira, Vidigal de
Andrade Vieira. Leonardo Kwang Ahn, José Marcelo Braga Sobral, Vanderley
Freitas Valente, José Ramos Jr., Ambrósio Peters, João Ribeiro Damasceno e
Frederico Guilherme Costa, Marilena Chauí, Anísio Teixeira, Paulo Freire entre
outros, verifiquem que todos os esforços feitos na amostragem do valor da
filosofia em nossos ensinamentos começam a surtir efeito.
Estamos, em parte,
de acordo com o filósofo chileno Mussa Battal quando afirma: “Aproxima-se a
filosofia Ocidental do socratismo e do aristotelismo e, mais ainda, do
estoicismo, às posições renascentistas e racionalistas; inviolavelmente adicta
a ilustra; ligada estreitamente ao criticismo kantiano, ao espiritualismo, ao
positivismo e, particularmente, ao evolucionismo...”
Gostamos de
repetir que o Ensino Médio é de caráter personalíssimo. Ali, o socratismo é
bastante claro, basta saibamos que quase toda a doutrina desse Ensino se arrima
no “conhecer-te a ti mesmo e no vence-te
se desejas realmente vencer. ”
O reconhecimento
de defeitos e deficiências, quando reais, se, para o estudante do Ensino Médio,
é caminho de desequilíbrio, de desânimo, de capitulação, para o acadêmico é
motivo de alegria, de intensa satisfação.
O estudante-aprendiz
(quem não é?), o Aprendiz-estudante leva em conta as dimensões do quadro falho,
como ponto de partida para a busca da correlação daquilo que precisa ser
corrigido. Ele tem então consciência e admite o que precisa ser extirpado,
aceita o desafio, pois já percebeu a necessidade de decidir, de reagir, de
lutar...
Ser aprendiz-estudante
ou estudante-aprendiz não é amedrontar- se diante do problema, mas encher-se de
coragem e de disposição para a luta.
O homem, seja ele
quem for, nunca chegará a ser filósofo, na expressão lata do termo, se não
morre em sua qualidade de ignorante para renascer em sua qualidade de iniciado
na filosofia.
Para os
“estóicos”, o único bem é a virtude e esta consiste unicamente na coragem do
homem de praticá-la, isto é extirpar de si tudo que não for o bem.
O pitagorismo está
presente no Ensino Médio, em vários momentos de doutrinação do ensino,
sobretudo quando adverte o Estudante de que o silêncio é necessário para
meditar, para fazer o trabalho de introspecção.
Existe o velho
adágio chinês que diz que o homem tem dois olhos para ver, dois ouvidos para
ouvir, mas uma só boca para falar. Daí por que se diz que o silêncio é de ouro
e o falar e de prata. Em termos de Filosofia não nos esqueçamos que tudo é
simbólico. Exigir que o estudante permaneça em eterno silêncio é sandice pura!
Para que se possa
desbastar a Pedra-Bruta é preciso, antes de tudo, de conhecimento próprio, de
humildade e de muita coragem.
Onde buscar a
filosofia em que possamos apoiar nossos estudos? Em Sócrates, no seu
“conhece-te a ti mesmo”.
Através do estudo
da filosofia socrática aprendemos que, antes de mais nada, a primeira coisa é aprender a pensar. Para aprender a
pensar é preciso saber ouvir, ouvir com atenção, buscando encontrar o sentido exato
das palavras de quem fala. Mesmo porque ao lado de desbaste das arestas da
imperfeição, o estudante possui o inconsciente e o inconsciente não é, como
muitos pensam, um arquivo morto.
O inconsciente não
é um quarto de despejo onde se amontoam trastes que para nada mais servem.
O inconsciente
pode armazenar e depois filtrar experiências construtivas, como pode muito bem
filtrar frustrações.
E Sócrates nos
ensina que aprender a pensar é aprender a conhecer, é aprender a discernir, é
aprender a concatenar os pensamentos, é aprender a falar.
Esses
ensinamentos, aplicados sobretudo no Ensino Médio são de extraordinária
importância para a vida futura do professor de filosofia, pois, ao cabo de
contas, propiciar-lhe-ão os meios e modos que irão facilitar-lhe o estudo, a
busca, a pesquisa, aproveitando boa parte de todo aquilo que a Filosofia lhe
proporciona para que cresça física, mental e espiritualmente.
BÍBLIOGRAFIA.
Ensinar e
Aprender: construindo uma proposta – Secretaria do Estado da Educação/SP,
Volume 1
FILOSOFANDO- Introdução à Filosofia, Editora Moderna,
1],2] e 3] anos do Ensino Médio 2015-2017
FILOSOFIA:
Ciência & Vida – Editora Escala, nº 2
A
História da Filosofia – Nova Cultural
Vídeos
Entrevistas da Plataforma UNIFESP
............................................................................................................................
Planos
de Aula – 1
Plano de Aula, diferentemente das demais, tem
como estratégia uma metodologia em que os recursos didáticos são os mais
variados possíveis, e normalmente são de fácil acesso para o professor, e além
disso fazem parte do seu cotidiano, como a lousa e o giz. A seção traz à tona
alguns modelos que visam incentivar ou sugerir aulas mais dinâmicas, simples,
objetivas e com recursos que normalmente fazem parte da constituição de
qualquer escola, sendo assim de fácil execução tanto para os docentes quanto
para os discentes.
OBJETIVO:
Esta seção tem por objetivo apresentar
de modo contemporâneo alguns exemplos de planos de aula que podem ser aplicados
para o fundamental e médio, seu principal intuito é ensinar conceitos
filosóficos que exigem um alto grau de abstração de modo criativo, fácil e
objetivo.
METODOLOGIA:
Pautados em métodos como: pesquisas
bibliográficas, análises pictográficas, músicas, filmes, vídeos, análises de
planos de aulas, material didático, pesquisas com discentes, etc.; procuramos
realizar a montagem de planos de aulas tentando seguir as expectativas e ou
críticas positivas dos estudantes de filosofia de modo a criar um material
sério, mas, ao mesmo tempo, algo que também valorizasse a riqueza que há em
recursos didáticos bem selecionados.
ENSINO
FUNDAMENTAL:
a)
A mercantilização da cultura
b)
Pensamento, método e Finalidade da Filosofia
ENSINO
MÉDIO:
a)
A concepção de Estado de Natureza em Rousseau;
b)
A distinção do amor em Santo Agostinho;
c)
A dualidade entre o mundo sensível e inteligível
em Platão;
d)
A Origem da Filosofia;
e)
Criticismo;
f)
Existencialismo;
g)
Introdução ao empirismo;
h)
Marcuse e o progresso a luz de Freud;
i)
Mito e Filosofia;
j)
O conceito de ação e Virtude em Aristóteles e
Spinoza;
k)
O Idealismo cartesiano;
l)
O Início do pensamento filosófico na Grécia
antiga;
m)
O materialismo Histórico- dialético;
n)
O método Cartesiano;
o)
O mito Hoje;
p)
Sartre e o existencialismo.
AVALIAÇÃO
Seminários;
Trabalhos; Recortes de Jornais, Revistas,
interpretação de filmes
Provação dissertativa e multiplica escolha.
PLANO
DE AULA -2
ÁREA:
Filosofia Antiga – Introdução.
TEMA:
Introdução à Filosofia.
TÍTULO:
Mito e Filosofia.
HISTÓRIA
DA FILSOFIA: Filosofia Antiga.
INTERDISCIPLINARIDADE:
História, Estudo das línguas, da Literatura, formação da ciência, Ética.
TRANSVERSALIDADE:
Política e Sociedade contemporâneas.
DURAÇÃO:
Três aulas de 50 minutos.
Prof.
J. Lopes
OBJETIVOS:
Esta aula de Introdução tem como objetivo
apresentar uma introdução à Filosofia a partir da sua origem; com ênfase às
diferentes linguagens utilizadas pelos Homens antes e depois do advento da
Filosofia, analisando como esta mudança reflete e contribui para as
transformações nas concepções acerca do Universo e do próprio Homem. Nesta
proposta, pretende-se apresentar um pouco da base procedimental da própria
origem da Filosofia, isto é, a partir de debates, diálogos, perguntas e
respostas, tem-se o desenvolvimento do objetivo de despertar, instigar o aluno
para o exercício da reflexão. Nota-se que este é um exercício que está para
todos, porém, a Filosofia pode oferecer uma sistematização mais conceitual para
tal – e esta aula pode propiciar um momento para esta percepção.
METODOLOGIA:
Leitura de textos acompanhada de
debates, perguntas, questionamentos, inferências às concepções de verdade e
falsidade relacionadas à realidade contemporânea, reconhecimento do processo de
desenvolvimento racional e cognitivo na história da humanidade e dos saberes
por ele desenvolvido. Utilização da música Gita – Raul Seixas para uma análise
da linguagem filosófica emergente.
PROGRAMAÇÃO:
Aula 1:
Leitura do texto “Mito e Filosofia”, acompanhado de debate, perguntas e escrita.
Inicialmente, permitir que os alunos exponham suas ideias acerca do que é a
filosofia. Após breve debate, um texto será distribuído para leitura em voz
alta, com pausas para explicações e apontamentos com a contemporaneidade, com
aspectos das disciplinas que convergem no tema, bem como a exposição dos temas
cotidianos e contemporâneos que dialogam com o assunto. Esta explanação é
acompanhada por perguntas e debate, de acordo com o interesse dos alunos; bem
como de perguntas da professora para os alunos no intuito de estimula-los ao
questionamento e à participação.
AULA
2: Leitura do texto “Os Pré-Socráticos e Os Sofistas”, acompanhado de
perguntas, debates e escrita. Mesma programação metodológica acima descrita.
AULA
3: Apresentação da música Gita – Raul Seixas seguida de debate acerca da
linguagem filosófica presente na letra da canção.
CONTEÚDO:
AULA
1: Mito e Filosofia.
As pessoas em geral procuram obter o
conhecimento e a sabedoria das coisas e, para tal, utilizam instrumentos. Por
exemplo, um alpinista para chegar ao pico de uma montanha utiliza equipamentos
específicos. O filósofo – amante da sabedoria – tem como instrumento a
reflexão. No início dos tempos o homem começou a refletir e desenvolveu
naturalmente a necessidade de explicar o mundo. Tanto sua capacidade de
raciocinar, quanto seu conhecimento dos fatos eram limitados e escassos,
apresentando, assim, explicações que não eram totalmente corretas. Estas
explicações repletas de fantasias e erros deram origem aos mitos. Estes
explicavam o desconhecido com base na experiência particular de cada
comunidade. Assim, segundo o antropólogo Lévi-Strauss, “mito é a explicação do
mundo por princípios simbólicos, muito próxima da religião”. As comunidades, no
entanto, comunicavam-se e perceberam – com o tempo - que estas explicações eram
contraditórias, pois para o mesmo problema (por exemplo, a seca) cada
comunidade inventava um mito que pretendia explicar o evento. A partir da
constatação de que os mitos não eram suficientes para responder às necessidades
humanas de conhecimento, surgiram as explicações filosóficas (por volta do
século VII ou VI a.C.), que utilizavam a capacidade de reflexão do Homem com o
objetivo de conhecer a verdade. O que a diferencia dos mitos é seu objetivo de
explicar logicamente e racionalmente os fatos. Inicialmente, a filosofia
referia-se a todas as áreas do conhecimento humano, isto é, Matemática, Física,
Biologia, Química, Geometria, etc. Seu objetivo, com o passar dos séculos, foi
restringido e se separou das demais ciências. O filósofo diferencia-se,
atualmente, do cientista, na maneira como se interessa pelos problemas
estudados. O cientista pretende explicar sistematicamente um fenômeno, enquanto
o filósofo se preocupa em entender: - O que é um fenômeno? Por que ele existe?
Procura as causas primeiras. Enquanto o cientista estuda as coisas que existem
no universo, o filósofo estuda o porquê de as coisas estarem no universo e
serem o que são. A natural vontade do Homem de conhecer a essência profunda das
coisas e descobrir o sentido da vida não preocupa a Ciência, mas sim, a
Filosofia.
Aula
2: OS PRÉ-SOCRÁTICOS Heráclito:
O Ser se Modifica – mobilismo. Heráclito
defendia a ideia de que a realidade estava em constante modificação e por isso
costumava dizer: “Você não pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, porque as
águas se renovam a cada instante”. Para ele não havia estabilidade, pois tudo
fluía e por isso todos os seres eram transitórios. Segundo sua teoria, a
realidade das cosias é um vir a ser contínuo. Este vir a ser é chamado devir. O
elemento originário (princípio comum) de todas as coisas é o fogo, pois traduz
na energia o movimento deste eterno devir das coisas. Parmênides: O ser é
eterno – imobilismo. Parmênides critica a ideia de devir e estabelece quando o
ser se modifica torna-se algo que anteriormente não era – e isto é impossível.
Por exemplo, a flor é o ser flor e o não ser fruto. Quando ele se torna fruto,
seu ser é fruto e o não ser flor e semente. Parmênides diz então que o ser é e
o não-ser não é. O ser é eterno, único, infinito, imóvel. Porém, ao observar
que as coisas não são eternas, declara que existe, então, dois mundos – a
saber, o primeiro mundo onde o ser é eterno, e o segundo, onde as coisas estão
em constantes mudanças. No primeiro mundo onde o ser é eterno, podemos
penetra-lo somente pela razão e no segundo, penetramos pelos sentidos. Os
Sofistas e Protágoras Na Grécia antiga existiram diversos filósofos que
defendiam diferentes teorias, muitas vezes contraditórias. Neste ambiente de
contradições, algumas pessoas passaram a comercializar o saber e a oratória e
eram conhecidas como sofistas. Eles não se preocupavam com a verdade ou
falsidade do que ensinavam e importavam apenas em convencer as pessoas dos seus
argumentos, cobrando altas taxas pelos serviços prestados. Protágoras foi o
mais importante sofista e ensinou por muitos anos em Atenas. Sua tese está
expressa na frase: “o homem é a medida de todas as coisas”. Assim, toda teoria
poderia ser considerada como verdadeira, pois tudo não passava de diferentes
pontos de vista. Reagindo contra os sofistas, surgiu Sócrates, um marco da
História da Filosofia Grega.
3:
“GITA” – Raul Seixas “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo
procurando”, “Foi justamente num sonho que ele me falou” Às vezes você me
pergunta Por que é que eu sou tão calado Não falo de amor quase nada Nem fico
sorrindo ao teu lado Você pensa em mim toda hora Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda Mas hoje eu vou lhe mostrar Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar Eu sou as coisas da vida Eu sou o medo de amar Eu sou o
medo do fraco A força da imaginação O blefe do jogador Eu sou eu fui eu vou
Gita Eu sou o seu sacrifício A placa de contramão O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição Eu sou a vela que acende Eu sou a luz que se apaga Eu
sou a beira do abismo Eu sou o tudo e o nada Por que você me pergunta Perguntas
não vão lhe mostrar Que eu sou feito da terra, Do fogo, da água, do ar Você me
tem todo dia Mas não sabe se é bom ou ruim Mas saiba que eu estou em você Mas
você não está em mim
ATIVIDADES:
1. Elaboração de um breve texto em
casa sobre o tema da primeira aula de no máximo 15 linhas, com o objetivo de
propiciar uma reflexão e material para análise posterior.
2. Participação nas aulas, por meio
de perguntas realizadas pelos alunos, de respostas frente às perguntas
propostas pela professora, com o objetivo de exercitar a auto-observação da
fala, do pensamento, de propiciar desenvolvimento da fala, da defesa de ideias,
do raciocínio, da autonomia do pensamento, da interpretação da fala e do texto
escrito, do exercício do diálogo, da tolerância com as diferenças, da reflexão
sobre as responsabilidades sócias.
3. Aplicação de um questionário para
ser respondido no final da aula 3, a saber: A. O que é a Filosofia? B. Qual é a
importância, para você, do ensino de Filosofia? C. O que causa interesse em
você durante as aulas de Filosofia?
AVALIAÇÃO:
Será pedida uma análise do poema
“GITA” com base no texto da aula 2 “Os pré-Socráticos”, destacando a máxima de
Protágoras “O Homem é a medida de todas as coisas”. Este será um trabalho
elaborado em casa, com data marcada para entrega e avaliado em 25% dos pontos
do bimestre.
BIBLIOGRAFIA:
I.
CHAUÍ, Marilena. Introdução à História da
Filosofia 1 – Dos Pré-Socráticos a Aristóteles. 2ª edição, São Paulo: Companhia
da Letras, 2002.
II.
II.
HADOT, Pierre. O que é a Filosofia Antiga? Tradução de Dion Davi Macedo. São
Paulo: Edições Loyola, 1999.
III.
III.
JAEGER, Werner. Paidéia – A Formação do Homem Grego. Tradução de Artur M.
Parreira. Ed. 4, São Paulo: Editora Martins Fontes, 2003.
José Lopes de Oliveira
PLANO DE AULA -3
Plano Filosofia 3º Ano do Ensino Médio
COMPETÊNCIAS:
·
Aplicar conhecimentos filosóficos no
plano existencial, nos projetos de vida e nas relações sociais;
·
Preparar de modo eficiente para o
exercício do trabalho;
HABILIDADES:
·
Ler textos filosóficos de modo
significativo;
·
Ampliar gradativamente o alcance da
leitura filosófica;
·
Elaborar por escrito o que foi
apropriado de modo reflexivo;
·
Desenvolver a versatilidade
profissional
CONTEÚDOS MÍNIMOS:
·
A história do trabalho
·
O conflito entre trabalho e
realização
·
A ética capitalista do trabalho
·
O valor dado ao trabalho
·
Trabalho e alienação
·
A realização no mercado consumidor
Sugestões de Livros:
ARBEX José; TOGNOLI, Cláudio J. O mundo pós-moderno. São Paulo:
Scipione (ponto de apoio), 1996.
MAGNOLI, Demétrio; ARBEX, José; OLIC, Nelson Bacic. Panorama do mundo. São Paulo:
Scipione, 1996.
MARTINEZ, Paulo. Direitos de
cidadania: um lugar ao sol. São Paulo: Scipione, 1996.
Sugestões de Filmes:
Eles não usam black-tie, 1981 dirigido por Leon Hirszman
Tempos modernos, 1936, direção: Charles Chaplin
The Corporation, 2003, Produção: Mark Achbar, Bart Simpson
Camelos também choram, 2003, Byambasuren Davaa e Luigi Falorni
Rosalie vai às compras, 1989, Percy Adlon:
Oscar Niemeyer – A vida é um sopro, 2007, Brasil, Fabiano Maciel
A classe operária vai ao paraíso, 1971, Itália, Elio Petri
Sugestões de Textos:
O PAPALAGUI NÃO TEM TEMPO
O PEDREIRO VALDEMAR
Marchinha de carnaval carioca – 1949- Roberto Martins e Wilson Batista
A GLOBALIZAÇÃO E A CRISE DO SOCIAL
ABREU, Haroldo. Proposta,
experiências em educação popular. Rio de Janeiro, ano 23, n. 64, mar. 1995.
p. 13-6.
TRABALHO INFANTIL: ONTEM E HOJE CONDIÇÕES DE VIDA E TRABALHO NA FRANÇA DO
SÉCULO XIX
LAFARGUE, Paul. O direito à
preguiça. Lisboa: Estampa, 1977. p.23-4
A REALIDADE DO TRABALHO INFANTIL
SILVA, Benedita da. Opinião.
In: Folha de S.Paulo, São Paulo, 12 dez. 1996. p. 1-3.
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