No campo missionário temos diversas oportunidades de leituras, e entre elas vi uma pequena informação de Samuel Escobar proferida no Pacto de Lusanne em 1974 que me leva a pensar, será que continua assim? Segundo Escobar “Das terras que costumavam ser territórios missionários, uma nova missiologia tem começado a se desenvolver e está deixando sua voz ser ouvida”. Podemos dizer que o impulso básico dessa missiologia é sua natureza critica. A questão é quanta ação missionária é requerida hoje, mas que tipo de ação missionária o mundo precisa.
Lucas 18:35-43 relata um episódio extraordinário entre os defensores do protocolo da igreja e os facilitadores da missão de acesso a Jesus Cristo. Então se faz a pergunta: “Quem somos nós: defensores do protocolo ou facilitadores do acesso a Jesus?
Valdir Steuernagel, afirma que: “O Senhor conhece nossa vida, a vida de nossas igrejas e a vida de nossas famílias. Ele conhece nosso trabalho e nossa prática missionária”. Deus conhece nossa vida em sua totalidade, em todas as suas relações, e quer nos dizer: “Celebro seu esforço, seu suor, seu sangue. Celebro sua luta pelo discernimento no discipulado. Contudo, há coisas que quero mudar em sua vida. Ainda não terminei meu trabalho com você.”
René Padilla expressa bem uma perspectiva evangélica recuperada de uma nova leitura dos evangelhos: “Jesus Cristo é, por excelência, o missionário de Deus, e ele envolve seus seguidores em sua missão”.
O que temos ouvido?! As mãos e o grito... há muita gente que vive assim. Mãos estendidas em busca de ajuda; mãos que se estendem como sinal de humilhação; mãos que representam dor, angústia e violência; mãos que representam a morte! Mãos estendidas.
Todos os dias o cego esperava receber um dinheirinho, uma das esmolas dadas décima para baixo. Naquele dia, porém, o dia em que Jesus chegou a Jericó, a esperança dele foi outra: a de poder enxergar! No entanto, seu grito insistente tornou-se fonte de profundo incômodo porque, como informa o texto, tinha aquela turma à frente dele, repreendendo-o para que se calasse. São pessoas interessantes os tais defensores do protocolo. Eles queriam que o cego se calasse porque os gritos dele “não estavam no programa”.
Quando o protocolo é imposto, os cegos não gritam, não incomodam, mas também não chegam a rir.
O pastor Valdir Stueernagel, afirma que: “O triste em relação à turma do protocolo é que tudo fica como está. As coisas estão limpas e organizadas, os negócios funcionam, há horário para tudo, elaboram-se atas, criam-se estatutos e regimentos, está tudo calmo e bonitinho...” mas o cego continua sentado à beira do caminho com a mão estendida e o grito engasgado na garganta. Felizmente, o protocolo foi quebrado por Jesus, o barulho da multidão não impede Jesus ouvir o grito de socorro. A agenda de Jesus não impede que ele tenha tempo para àquele que grita: “Jesus!!! Tem misericórdia de mim!
_ Esta é a personalidade de Jesus: a capacidade de perceber o grito na garganta do povo!! A capacidade de ouvir Zaqueu, o grito por salvação, e escutar o grito das mães desesperadas por seus filhos, a enferma em busca de saúde, de Jairo por sua filha que tinha uma doença fatal. De ver o um homem à beira do caminho que precisava encontrá-lo, pois nesse encontro estaria a esperança.
Falar de Missão em sua totalidade é falar da capacidade ouvir o gemido de necessidade, de onde quer que ela venha. É orar para que o Senhor nos dê a capacidade que ele tem de perceber onde a necessidade está e de responder a ela com um encontro “Olhos nos olhos”.
Quando enxergarmos e compreendermos essa dimensão, esse novo andar, faremos o que o cego fez depois de curado. “Jesus disse: Recupera a tua vista; a tua fé de salvou. Imediatamente, tornou a ver e seguia-o glorificando a Deus”.
Poucos minutos antes o cego estava sentado á beira do caminho, gritando feito um maluco para que alguém o ouvisse, mas agora canta, alegremente! Pois, encontrar e ser encontrado por Jesus determina uma nova fase na vida. Isso produz um novo cântico de júbilo nos lábios daqueles que recebem a Jesus Cristo.
“A Igreja é comunidade em missão porque ela tem uma história a contar - a história do encontro que mudou a vida de homens e mulheres e a vida da própria comunidade.”(V.S.) E esse encontro com Jesus é o encontro da angústia com a esperança, da perdição com a salvação, da morte com a vida.
“Quais são os gritos de necessidade e de dor que ecoam em nossos dias e em nosso contexto de vida? Conseguimos ouvi-los? Como líderes de igrejas, quem somos nós: defensores do protocolo ou facilitadores do acesso a Jesus? Jesus ouviu, chamou o cego e o curou. O que significa isso para nosso ministério missionário dentro das igrejas hoje?”
“O evangelho ainda tem algo a nos dizer – tem muito a nos dizer. Por isso, falar do evangelho e falar do arrependimento e discipulado. O evangelho quer nos revelar coisas que Deus gostaria de mudar em nossa vida” (V.S.).
Que todos nós sejamos os facilitadores para àqueles que querem ir até Jesus.
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