"A prática da pesquisa é necessária ao professor para que ensine eficazmente; ao aluno, que dela necessita para aprender de modo significativo; à comunidade, que dela carece para poder dispor de fatores que levem-na ao conhecimento; e à universidade, para ser mediadora da educação". Essa afirmação é de Antonio Joaquim Severino, professor de Filosofia da Educação. cujos escritos debatemos muito no curso de Pedagogia quando ainda era estudante, tendo em vista o que contribui para o desenvolvimento profissional e pessoal do ser humano é a experiência plena do conhecimento, mediada pela prática da pesquisa. Daí a importância da presença dessa atividade nos processos de ensino e aprendizagem. a aquisição dos procedimentos de construção do conhecimento é requisito para vivenciá-lo plenamente e também para exercitar a subjetividade, condição válida para toda modalidade de formação humana. O conhecimento é a única ferramenta de que a espécie humana dispõe para conduzir sua existência. (Oséias 4:6).
No que concerne à realidade educacional brasileira, sem dúvida, nossa tradição de ensino/aprendizagem é herdeira da pedagogia escolástica, aqui trazida e plantada pela educação jesuítica e mal superada pela influencia tardia do positivismo. Por isso, a pedagogia por nós exercida reivindica uma profunda revolução que vincule os processos de ensino/aprendizagem a uma sistemática postura investigativa. a pesquisa necessita ainda se tornar um princípio pedagógico para valer.
A atividade de ensinar é diferente da de pesquisar. Esse é o grande desafio, até porque essa aliança é imprescindível se quisermos ter uma aprendizagem significativa. Nunca se pode perder de vista que aprendemos com a prática, desenvolvendo atividades concretas. Nesse sentido, o professor deve ensinar mediante atividades investigativas, por mais teórica que seja sua disciplina. ele deve envolver o aluno nos processos de produção do conhecimento, e não abarrotá-lo de produtos armazenados.
Os procedimentos relacionados a uma postura investigativa no ambiente educativo, no contexto da aprendizagem, exigem condições muito objetivas, que representam efetivo apoio para os docentes, pois, na ausência delas, só se pode mesmo simular no vazio.
E o nosso sistema Educativo, caudatário de políticas sociais ainda muito míopes ou ineptas, não disponibilizam essas condições. a eficácia da intervenção pedagógica não depende do carisma dos docentes, nem de seu idealismo e dedicação. ela exige condições e mediações adequadas. Os materiais de apoio são um bom exemplo, e devem ser colocados pelo sistema ao alcance dos profissionais da docência.
Sabemos que há um impacto na sociedade que não prima pela pesquisa, e o impacto é o inevitável atraso, material e espiritual, dessa sociedade. A sociedade que não produzir conhecimento ficará sempre a reboque daquelas que o produzem, respondendo pelas tarefas secudárias, de cunho repetitivo, sem capacidade de agregar valor à sua produção. Isso lembra o seguinte fato exemplar que vem ocorrendo: o Brasil é atualmente o maior fabricante de celulares, mas apenas de suas carcaças, já que s chips, agregativos de conhecimento novo e inovador resultante de tecnologia avançada, vêm lacrados do exterior, produzidos em outras sociedades que constroem o conhecimento.
Nesse caso então o estudante brasileiro se vê mais como um consumidor dos resultados do que um membro participante de sua realização. Mas cabe insistir: isso não é má vontade do aluno, e sim um defeito do Sistema Pedagógico como tal. Para reverter o quadro, é preciso uma tomada de decisão que envolva todo o conjunto desse sistema.
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